RESUMO
A figura paterna do século XXI é muito diferente da figura paterna de há décadas atrás. Passou-se de um pai autoritário, provedor, para um pai mais presente nos cuidados aos filhos/as. Os/as enfermeiros/as especialistas em enfermagem de saúde materna e obstétrica (EESMO) devem incluir também o pai como foco de atenção, para a promoção de uma paternidade cuidadora. Este estudo tem como objetivos: conhecer as conceções e sentimentos dos homens sobre paternidade; analisar as experiências nos serviços de saúde face à promoção da paternidade cuidadora; identificar os fatores condicionantes da promoção da paternidade cuidadora nos serviços de saúde. Realizado um estudo de natureza qualitativa do tipo interpretativo. Participaram 10 homens cujos filhos/as nasceram nas maternidades de Coimbra com idades compreendidas entre 6 meses e 1 ano. Realizadas entrevistas semi-estruturadas entre maio e julho de 2019. Salvaguardados os princípios éticos e deontológicos. A análise de conteúdo temática foi realizada segundo Minayo, Deslandes e Gomes (2009). Emergiram duas áreas temáticas: paternidade (conceções, sentimentos e a importância atribuída ao papel do pai); promoção da paternidade cuidadora (experiências nos serviços de saúde e fatores condicionantes). Verificamos que as conceções sobre paternidade incluem, mas ultrapassam o papel de provedor e integram o estar disponível na vida dos/as filhos/as, participando diretamente na sua educação/cuidado. Os sentimentos associados à paternidade foram alegria/felicidade, satisfação e medo. Das experiências nos serviços de saúde destaca-se: o envolvimento ? nos cuidados, na promoção do vínculo e na valorização do pai - mas também a exclusão dos cuidados. Foram identificados fatores condicionantes associados aos serviços de saúde (recursos humanos limitados, atitudes/comportamentos dos/as profissionais de saúde, as condições físicas, as normas e regras de funcionamento, a participação em programas de preparação para o parto e parentalidade e o (des)conhecimento de plano de parto). O homem/pai deve ser alvo de cuidados nos diferentes contextos de saúde sexual e reprodutiva, tendo em atenção as suas conceções e sentimentos e empoderando-os para uma parentalidade partilhada. Sugerimos que os programas de preparação para a parentalidade e parto devem integrar sessões só com homens/pais e os serviços de saúde devem desenvolver políticas de incentivo à promoção da paternidade cuidadora.
